sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Apresentação


Olá, internautas... O blog Constelação Familiar Salvador é um espaço onde falarei sobre as minhas experiências com esta técnica terapêutica. A intenção é ter mais um espaço para dialogar com os pacientes, amigos, e pessoas que se interessem ou queiram conhecer as constelações familiares. Para começar, gostaria de me apresentar, contando os caminhos que me trouxeram ao Brasil.

Me formei em 1979 em psicologia social e criminologia na faculdade de Paris René Descartes na França. Neste mesmo ano também me formei em marcenaria. Incapaz de tocar com seriedade as duas profissões, resolvi priorizar o trabalho com a madeira. Me realizei profissionalmente nesta atividade e pude expressar minha creatividade na concepção de móveis e objetos. Ao longo deste período, sempre mantive uma relação especial com meu material de trabalho; amo o contato e o cheiro da madeira.

Uma série de eventos (e ventos) favoráveis me levaram até o Brasil. Tive a sorte de ter meu trabalho de designer reconhecido e até hoje alguns dos móveis que desenhei são produzidos no Brasil e na Europa. Com o passar do tempo, a madeira ficou mais pesada, a empresa cresceu, e de repente estava cuidando mais de contas bancárias do que daquilo que eu gosto mesmo: criar moveis e objetos. Em 2000, uma série de eventos me fizeram repensar minha vida: a morte inesperada da minha irmã aos 47 anos, vítima de um AVC fulgurante, seguido pelo suicídio da minha mãe que não aguentou a perda “anti-natural” da filha (observem que ate hoje não existe palavra para dizer "ser órfão de um filho").

Aos 46 anos, um a menos do que minha falecida irmã, trabalhadora incansável, entendi o significado do aqui-agora. Me dei conta que vivia o presente projetando o futuro. Parei pra refletir... foram alguns anos de luto. No entanto, no decorrer deste ano 2000, um casal de amigos em São Paulo comentou que tinham participado de um workshop de constelaçãoes familiares. Já tinha ouvido falar sobre o assunto, mas sem atribuir maior importância. Porém, este dia tive vontade de conhecer melhor. Por sorte esse terapeuta fazia o mesmo workshop no fim de semana seguinte. Curioso, fui ver o que eram essas famosas constelações.

Quem já participou de um trabalho de constelação familiar sabe que raros são os homens que têm tempo a perder com essas “futilidades”. Geralmente, tem um homem para 8 a 10 mulheres. A consequência é que o homem participa muito como representante. O que é ótimo. Nesses dois dias do grupo, representei uma multidão de "papeis". Varias gerações: filho, pai, avô, bisavô, com várias atuações intensas aonde me senti na pele desses personagens. Um imperador, poderoso e solitário. Um perpetrador: sentimento de culpa e miséria.

Eu sabia que não ia constelar por falta de vaga, mas a experiência já valia a pena. Inesperedamente, houve uma desistência no final do workshop e tive então a possibilidade de constelar. Foi o melhor presente que já recebi na vida. Sensacionalismo a parte, hoje posso dizer que a minha vida tem um antes e um depois dessa constelação.

Ao me identificar com essa técnica, decidi me aprofundar no assunto e me formar nessa nova profissão. Num primeiro momento, refresquei meus conhecimentos em psicologia. Afinal, foram 25 anos sem praticar a profissão, utilizando o aprendizado universitário somente na minha vida pessoal.

Em seguida, me foquei nas constelações familiares e realizei diferentes formações entre o Brasil e a França. Essa diversidade na minha formação me proporcionou uma visão ampla. Pude assim, me tornar terapeuta extraindo aquilo que considerei mais enriquecedor em cada técnica, acumulando os conhecimentos e ferramentas necessárias para exercer a profissão.

Essa formação em dois países próximos e distantes foi muito estimulante. O cartesianimo do francês tão rígido versus a abertura do brasileiro. O francês quer entender o como do porquê, o brasileiro não precisa do querer para entender. As dinâmicas também são as vezes diferentes por causa da história. Muitas guerras na Europa que geraram sofrimentos, pobreza e privações. Enquanto que no Brasil este assunto é tratado com grande tranquilidade e total ausência de preocupação. Porém, existem histórias que se repetem no Brasil, mas que são impensáveis na Europa ; por exemplo ter a sua bisavó raptada por seu bisavô numa tribo indígena, com todas as implicações na linha de mulheres dessa família.

Saudações,

Reno Bonzon